"Nada se espalha com maior rapidez do que um boato" (Virgílio)

Ciências Auxiliares da História


As contribuições de diversas ciências auxiliares, muitas vezes de grande complexidade em si mesmas, como a arqueologia, a geografia ou a filologia, complementam a análise das fontes e o estudo histórico. Nesses casos deve-se falar antes de um caráter interdisciplinar das ciências que estudam aspectos diversos da cultura e do ambiente humanos. Entre essas disciplinas poderiam incluir-se também a psicologia, a economia, a demografia etc. Além dessas, o historiador utiliza outras disciplinas, de caráter mais instrumental, que lhe permitem a compreensão imediata das fontes.
Entre essas outras disciplinas podem-se citar: a cronologia (estudo da sucessão e datação dos fenômenos históricos), a paleografia (leitura de escrituras antigas), a papirologia (estudo dos papiros egípcios e greco-romanos), a epigrafia (interpretação das inscrições), a numismática (estudo das moedas), a sigilografia (selos antigos), a filatelia (selos de correios), a heráldica (brasões) etc. Os métodos para ordenar os dados obtidos e quantificá-los derivam basicamente da estatística. Em casos mais precisos de datação, o historiador recorre a meios químicos, físicos e geológicos, assim como a técnicas complexas baseadas no conhecimento do tempo de desintegração de certos isótopos radiativos.
Segundo o período considerado, o historiador utiliza umas ou outras ciências auxiliares. Para o especialista em história antiga serão necessárias a arqueologia, a epigrafia, a numismática e a papirologia. A heráldica e a diplomática -- estudo dos documentos -- além da paleografia e da filologia, serão fundamentais para um medievalista etc.
A lingüística (para a antiguidade, período medieval e primeiros séculos da idade moderna) constitui disciplina indispensável para o historiador, como a psicologia, embora os resultados desta sejam menos seguros e sua aplicação científica relativamente nova. A psicologia histórica permaneceu confundida com a intuição pessoal do historiador, até a segunda metade do século XIX. Só no final do século XX a "história das mentalidades" começava a libertar-se de simplificações arbitrárias e de etnocentrismos.
A geografia histórica evoluiu, sobretudo a partir das últimas décadas do século XIX, para disciplina autônoma. Foi muito renovada pelas pesquisas que comprovaram alterações climáticas significativas no período geológico atual, em diversas épocas e partes do mundo. Embora uma justificada desconfiança cerque a utilização da geopolítica, devido às distorções de autores nazistas, é inegável sua necessidade para a compreensão da história.
A relação estabelecida entre as ciências humanas e a história é evidente, já que essas disciplinas, em sua referência ao estudo do passado e dos antecedentes dos fatos que analisam, aproximam-se necessariamente do método histórico, qualquer que este seja. A história proporciona uma visão temporal e abrangente que é imprescindível para entender as situações específicas estudadas pela sociologia ou pela psicologia. A relação entre história e arte é particularmente indissolúvel.

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